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terça-feira, 21 de julho de 2009

É bem ali...



- A ilha que procuras é aquela do outro lado do rio. Nunca te esqueças, menino, dos que por aqui fizeram a travessia.

Ensina-me o ancião, sentado à sombra do mercado municipal de Abaetetuba.

Bem ali, onde as águas dos rios Tocantins e Abaeté se encontram para formar a Baia de Marapatá, ele me indica o longo caminho percorrido.

Não te esqueci, velho. Teu sorrisso melancólico de uma juventude quilombola; tuas mãos calosas construtoras de destinos agora percorrem caminhos que jamais imaginaste.

Transformei-te em chuvas quânticas que molham redes atadas nos tantos cantos do mundo; em ventos de elétrons portadores de histórias.

Agora, velho quilombola, teu gesto, teu sorriso, teu nome forte e valente de origem, Abaeté, são lembranças desse mundo efêmero...


(Foto feita em 17/07/09 durante reportagem para o Incra, sobre projeto agroextrativista criado na ilha de Campompema, município de Abaetetuba-PA. Modelo Canon EOS Digital Rebel; 1/80s; f /6,3; 55 mm; ISO 100)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Abaixo-assinado em apoio ao jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto

Além da solidariedade financeira ao Jornal Pessoal , através de depósitos de qualquer quantia na conta publicada no post anterior, os apoiadores de Lúcio Flávio Pinto criaram um blog que está reunindo adesões a um abaixo-assinado contra a decisão togada do Meritíssimo das Chagas.

Para assinar basta
postar aqui um comentário com nome e RG.

Assine.

ABAIXO-ASSINADO EM APOIO AO JORNALISTA PARAENSE LÚCIO FLÁVIO PINTO

O repórter e editor do Jornal Pessoal, de Belém do Pará, Lúcio Flávio Pinto, foi condenado pelo juiz Raimundo das Chagas Filho, da 4ª Vara Cível da capital, a pagar uma indenização de R$ 30 mil aos irmãos Romulo Maiorana Júnior e Ronaldo Maiorana, proprietários das Organizações Romulo Maiorana, uma das empresas de comunicação mais influentes da Região Norte, cuja emisssora de TV é afiliada à Rede Globo. A sentença, expedida no último dia 6 de junho de 2009, refere-se a uma das quatro ações indenizatórias movidas pelos irmãos contra o jornalista que, em 2005, publicou artigo em um livro organizado pelo jornalista italiano Maurizio Chierici, depois reproduzido no Jornal Pessoal, no qual abordava as atividades de contrabandista do fundador das ORM, Romulo Maiorana, nos anos de 1950, o que teria motivado a ação, pois os irmãos consideraram ofensivo o tratamento dispensado à memória do pai. Além da indenização por supostos danos morais, o juiz ainda obriga o jornalista a não mais referir-se aos irmãos em seus próximos artigos.

Lúcio Flávio Pinto, de 59 anos, em quatro décadas de jornalismo é um dos profissionais mais respeitados no Brasil e no exterior. Seu Jornal Pessoal resiste, de forma alternativa, há 22 anos, sem aceitar patrocínio ou anúncios, garantindo a independência de seu editor frente aos temas públicos do Pará, sobretudo na seara política. Por sua atuação intransigente frente aos desmandos políticos, às injustiças sociais e ao desrespeito aos direitos humanos, recebeu prêmios internacionais importantes: em 1997, em Roma, o prêmio Colombe d’oro per La Pace; e em 2005, em Nova Iorque, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection). Além disso, é premiado com vários Esso. É também autor d e 14 livros, tendo como tema central a Amazônia, sendo os mais recentes “Contra o Poder”, “Memória do Cotidiano” e “Amazônia Sangrada (de FHC a Lula)”.

Esse fato demonstra o que significa fazer jornalismo de verdade na capital do Pará: uma condenação.

Por isso, nós, abaixo-assinados, solidarizamo-nos com Lúcio Flávio Pinto, pedindo a revisão de sua condenação em nome da democracia e da liberdade de pensamento.

sábado, 11 de julho de 2009

Campanha da moedada

A campanha de apoio ao Lúcio Flávio Pinto começa a tomar forma na internet.

Vários blogs já estão chamando os internautas para colaborarem com qualquer quantia. A conta é:

Lúcio Flávio Pinto
UNIBANCO (banco 409)
Conta: 201.512-0
Agência: 0208
CPF: 610.646.618-15

Os blogs do Ildeber Avelar e do Barata já estão com posts convidando os internautas a partiparem da campanha, que ganhou mesmo um nome: Campanha da Moedada.

Apoio financeiro ao Lúcio

Por serem vastos os nossos corações, e os do das Chagas e dos Maiorgranas uma pobre rima cruzada, creio que devemos pensar na possibilidade de ajudar o Lúcio Flávio a pagar o pato, caso não ganhe o recurso e se a altivez de rico empresário que é, assim o permita (imagina, quem vende jornal pra classe estudantil só pode ser milionário).

Falo de uma vaquinha, de uma campanha para manter vivo O Pessoal, exatamente pelas razões apontadas pelo juiz, isto é, para que LFP continue a nos repassar informações inverídicas e a ofender a moral subjetiva de toda a gente de bem da Terra de Direitos.

Quem julga os juízes?

É uma questão que sempre ressurge diante de decisões classistas, como a do juiz Raimundo das Chagas que, sem blague, lembra-me "A face que ninguém vê", de Drummond, in Poema de sete faces:

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O deboche do juiz

Ao juiz das Chagas, que condenou Lúcio Flávio a só falar bem do finado contrabandista Romulo Maiorana, não bastava abanar o rabo e lamber a mão do amo - tinha de morder a jugular d'O Pessoal, que ele julga estar no bolso, para demonstrar sua bravura e lealdade.

Usou mesmo da ironia para isso, levando-a ao limite do cinismo, ao afirmar que "A capacidade de pagamento dos requeridos é notória, porquanto se trata de periódico de grande aceitação pelo público, principalmente pela classe estudantil, o que lhes garante um bom lucro."

A jocosidade do juiz, em nome do "caráter preventivo e educativo" da decisão togada, chega mesmo a insinuar que Lúcio Flávio mentiu/ofendeu para aumentar a venda de O Pessoal.

O rabulento não ousou usar a palavra "sensacionalismo", mas na lógica do que escreveu, poderia; não é essa uma das características do sensacionalismo?